domingo, 8 de fevereiro de 2015

Uma História de Video-game


Todo mundo joga video-game.

Ok, isso é mentira. Mas se pensarmos bem, só no decorrer dos últimos 20 ou 30 anos essa mídia tem crescido de maneira assombrosa, de modo que a primeira afirmação vem se aproximando cada vez mais da realidade.
Quando eu tinha 0 anos e uns 6 meses meu irmão (então com 5 anos) ganhou de natal o melhor presente de nossas vidas: um Atari 2600, com seus imponentes joysticks de um botão. Ainda passaria algum tempo até que eu fosse capaz de fechar as mãos no controle e realizar alguma coisa (sim, bastou isso para começar o vício), mas a família se juntava em torno daquele troço a jogar Tennis, Megamania, Keystone Keepers (o guardinha), Frostbite (lê-se "frostibíti") e um monte de outros clássicos daquela era de games. 
Eu cresci jogando todo tipo de plataforma e todo tipo de game, mas nunca havia visto aquela magia estranha do Atari acontecer de novo: minha mãe, meu pai, minhas tias, todo mundo jogando video-game. Eis que já nos meus vinte e tantos eu compro um Wii e acabo jogando Tennis com minha mãe e meu pai tudo de novo. No Ipad vi minha mãe obstinadamente bater meus recordes de Fruit Ninja e de qualquer parente de Tetris e Bubble Bobble que surgiu.
Na minha infância de NES (ok, Dynavision 3...) e Super Nintendo, video-game era aquela coisa que deixava as crianças loucas e queimava a tela da TV (lenda maldita à qual, graças a Deus, meus pais nunca deram crédito). Hoje em dia já tem, aqui mesmo no Brasil, quem compre video-game para ver filmes, usar youtube, rodar Blu-rays e quase nunca jogue. Enquanto artefato de entretenimento, é cada vez mais comum vê-lo nas salas de estar. 
E enquanto artefato cultural? Também vale. Os grandes ícones do mundo dos games são caras conhecidas por todo tipo de gente. Sackboy, Mario, Kratos, Master Chief, Sonic os gráficos quadradões cool de Minecraft. tudo entra com cada vez mais força e evidência no caldo cultural da contemporaneidade. Os Games abrem as portas para pessoas mais desavisadas, além dos tradicionais devotos de dedos e pulsos calejados e marinados de cultura pop. Já tem muito "cidadão sério de bem" (diferente de nós "nerds sem vida") que faça questão da sua partidinha de FIFA, Need for Speed e algum game de MMA e há muita gente que jogue Just Dance e pague micos enormes na sala sob pretexto de exercício para emagrecer.
Piadas à parte, os games só fazem crescer. Crescem em valores milionários, em qualidade técnica, e - o que mais vai me interessar aqui - crescem em profundidade e relevância cultural. Emprestam características de jogos e brinquedos não eletrônicos, do cinema, da literatura e de outras formas artísticas para criar uma forma de expressão cultural nova, que já se tornou uma parte vibrante e única de compreender nosso mundo pós-moderno, referencial, ácido e tresloucado.
Não espero trazer respostas maravilhosas sobre o mundo nem sobre os games, mas certamente vou dar um monte de opiniões que construí ao longo de anos de games, leituras e reflexões. Pretendo acompanhar a indústria e a cena independente de produção de games o máximo possível, mas já adianto que não vou dar conta sozinho de ser sua fonte de novidades quentinhas. Espere mais por análises, pirações, comparações, um conto ou crônica perdidos de vez em quando e indicações de muita coisa, desde games até outros sites sobre eles.
Para mim os games são uma coisa linda, realmente maravilhosa. Uma máquina colossal de criar mundos que nos deixa experimentar o possível e o impossível e, tendo ido "lá e de volta outra vez", nos tornarmos pessoas diferentes. Além, é claro, de ser divertidíssimo matar monstros, explodir coisas, comer almas de dragões etc.
Um abraço e até breve!

Daniel.

Um comentário:

  1. Daniel,

    Um ótimo início de blog! Fica fácil de ver sua paixão e perceber que você consegue se aprofundar no tema.
    Vale a pena prosseguir no pensamento: o jogo é cultura?
    Minha resposta é óbvia, mas perante um comportamento exclusivo de nossa sociedade (videogame é coisa de criança ou de assassinos delinquentes) e de nosso governo (taxas absurdas e desconsideração no vale-cultura), é necessário que nos infiltremos nas entrelinhas e busquemos uma maneira de mostrar o quão bem eles podem fazer.
    Estarei por aqui, espiando!
    Grande abraço e boa sorte!

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